Por mais que eu corra,por mais que eu tente me afastar,eu sempre acabo ali,naquele mesmo lugar.Naquele mesmo fim de tarde à beira mar.Fico ali,estática a te esperar.Sei que você não virá.Sei que o nosso tempo passou,na verdade nem sei se aconteceu.Pareço uma louca.Uma boba,porque lá no fundo bem nos fundos,depois daquele beco de nome ''Esperança'',sinto que já nos fomos.Nos perdemos entre a rua dos ''sonhos'' com a ''não era pra ser''.E apesar de tudo que enfrentei,de todos os abismos em que me joguei,de todos os congestionamentos sentimentais pelos quais passei,apesar de tudo isso,foi bom pensar que um dia,andaríamos de mãos dadas pela praia,causando inveja em outros casais.Foi bom pensar que um dia,estaríamos juntos.
O tempo passou e,nós nunca saímos do lugar e,eu vivo aqui,sentada naquele mesmo lugar em que nos conhecemos,sim,naquela mesma direção olhando o horizonte,fazendo dos grãos de areia,ampulheta,pra dominar o tempo,continuo ali parada,porque você sabe onde estarei.
Continuo,porque mesmo já tendo passado do beco da esperança,ainda me resta um fio dela.Parei naquela tarde esses anos todos,só para não nos desencontrarmos o que não adiantou.Parece que fomos feitos para nunca nos encontrarmos e se,é para ser assim,então,que seja,porque até o amor cansa.
Hoje,me levantei daquele meu lugar.Andei em direção ao mar,devolvendo à praia,todos os grãos de areia que guardei durante todo esse tempo.Deixei que as ondas me levassem,usei todas as lembranças e expectativas frustradas como ancora e aos poucos,me vi submergir junto a elas.Aos poucos fui perdendo o fôlego e vi toda a lembrança nossa,passar como um filme de Almodóvar.(Bem dramático).
Não pense,que suicidei o nosso amor,mas nossa estória,aliás,nem sei se pode matar algo,que nem existiu.A única estória que existiu,foram as das minhas lágrimas escorrendo em meu rosto e eu tendo que sentir o gosto salgado do amor,porque como dizia minha amada Amy:''O amor,é um jogo onde se perde''.Deixei-me ir,por fadiga.Insolação,talvez.
Cansei de querer viver um conto de fadas.Um romance bobo de novela mexicana,onde a mocinha só faz chorar.Cansei de fazer o papel da garota romântica,desajeitada e sem graça.Sei que sou assim.Eu sei!Mas preciso me reescrever,preciso interpretar outra personagem.Quem sabe,eu fique bem no papel daquela mulher que,só pensa em trabalho e não tem vida amorosa,nem social,assim,posso continuar sendo sem graça e desengonçada.
Bom...cheguei ao fundo,já sem fôlego algum.Agora,fecho os olhos,solto uma última bolha de ar e me despeço de nós.Me despeço,do sonho que me alimentou durante todo esse tempo.
Termino sendo,o que sou.Um corpo cheio de medo,esperas e memórias jogadas ao fundo do mar,onde todo o resto termina esquecido,à espera da decomposição.
Ps:Haverá sempre uma última bolha de ar.
Amo-te.
|Claire|
''A lei da vida,é quem dita o fim do jogo.''
Chorão.
Existem quatro coisas na vida que não se recuperam:
- a pedra, depois de atirada;
- a palavra depois de proferida;
- a ocasião, depois de perdida e
- o tempo, depois de passado."
Almodóvar.
|Obs:Desculpem a ausência.|